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domingo, 22 de janeiro de 2012

SÚPLICA DE UM ABORTADO

 por: Fidel Nogueira
 
Agora aqui neste local de auxílio
minha alma, ainda, triste sem brlho
aparência com dolorosas deformações
daquele momento onde vivi aflições
dores terríveis queimavam como fogo
gestação para você era apenas um jogo
tanto planejamento para meu retorno
tratado em ti como se fosse um estorno
prometera outrora que iria me receber
esquecera de mim e só pensou em você
quando, mamãe, em seu ventre cheguei
naqueles poucos dias que contigo fiquei
percebi que eu não era em ti bem-vindo
angústia seu coração estava sentindo
Papai que dizia não estar preparado
percebi que seria por ti, então, rejeitado
apesar de meu pequeno corpo formado
para fora de seu ventre eu fui colocado
senti dor misturada ao medo e agonia
objeto estranho que ali me destruia
tentei fugir me agarrei ao seu útero
gestação de relacionamento adúltero
seu líquido que agora me queimava
aquele instrumento dali me expulsava
gritei, implorei, supliquei no silêncio
tudo aquilo parecia um tanto extenso
de repente algo me arrancou de você
instante em que cheguei a desfalecer
despertei tempos depois neste hospital
graças aos irmãos do meu lar espiritual
com meu corpo celeste muito deformado
após aquela experiência em que fui esmagado
passei por dias difíceis de dor, sofrer e revolta
preparando para o dia que estarei de volta
te peço, mâezinha, querida do meu coração
me aceite em seu ventre em nova gestação
sei que em passado distante te fiz muito sofrer
agora quero uma nova chance de ti merecer
tenho medo de que você outra vez me rejeite
por favor, desta vez me acolha e me aceite
não quero passar por tudo aquilo de novo
me deixe crescer na fecundação em seu ovo
serei um bom filho eu quero te prometer
te agradeço mamãe por você me receber
em breve estarei recuperado e preparado
não estou mais com meu coração revoltado
quando sonhou comigo senti que havia te perdoado
naquele lindo instante que estive vez a seu lado
agradeço ao nosso pai por conseguir ser escutado
espero em breve sorrir para você e alegrar seu viver
ao seu lado aprender alimentado no divino crescer
quero concluir dizendo, mãezinha, amo você
espero o dia em que, por você, irei renascer.



4 comentários:

  1. Belíssimo, mais uma história do perdão, sentimento esse que alimenta o espírito de luz!

    Mais uma vez, belo poema!

    Sandra Almeida

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  2. que isso sirva de exemplo para pais que acham que ainda não é hora de ter um filho.

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