PASSOU A TEMPESTADE...

 por: Fidel Nogueira

Estava naquele barco a velejar,

não tinha uma posição a determinar,

ondas me falavam na linguagem do mar,

os ventos sacodiam os panos das velas,

eram fortes rajadas em força paralela,

acreditei que o barco não resistia a elas.

Estava ali em momento solitário,

jamais tinha vivido algo tão temerário,

não desanimei e a velejar continuei,

segurando firme no leme orei,

tão forte oração que até chorei,

O medo é energia que enfraquece,

quando dos recursos divinos se esquece,

nem tudo que se vê é o que parece.

De repente à minha frente um clarão,

um grande farol indicando a direção,

em meio as águas movimentadas,

me senti mais firme naquela jornada,

já podia visualizar a segura chegada,

noite que já chamava pela madrugada.

Me aproximei e foi então que notei,

presença daquele que sempre contei,

se fazendo luz que por ela me guiei,

de volta ao meu mundo eu estava,

meu barco em segurança navegava,

enquanto a tempestade se acalmava.

Fui chegando mais perto e percebi,

tua luz radiante eu reconheci,

na imensa emoção que senti,

Me esclareceu que a tempestade real,

estava em meu ser na condição temporal,

necessária para a metamorfose espiritual.

Acolhido outra vez por sua bondade,

nesta doce fiel e eterna amizade,

anjo que me mostra sempre a verdade,

força que vem da sublime humildade.

Gratidão grande amigo querido,

por tudo que tem me concedido,

mesmo quando não tenha merecido,

sou este pequeno beija-flor,

me oriente para onde eu for,

sou aprendiz do verbo amor.